Renato & Seus Blue Caps - Viva a Juventude (CBS, 1965)


"Viva a Juventude" marca a estréia em Long Play de Renato & Seus Blue Caps na CBS, depois de um compacto duplo lançado em 1964, na mesma gravadora. Até então, haviam gravado 2 LPs para o selos "Copacabana" e "Som", da Copacabana Discos, além de alguns 78 rotações neste selos e na esquecida etiqueta "Ciclone".

A começar, é o disco que trouxe "Menina Linda", versão de Renato Barros para "I Should Have Know Better", dos Beatles, presente no estimado LP "A Hard Day's Night", de 1964. A versão foi feita sob a encomenda de Carlos Imperial, que tinha um programa na TV Rio. A banda carioca participava do programa e Renato fez a versão as pressas. Assim que a música foi apresentada, ela se tornou um sucesso imediato. "Menina Linda" foi o primeiro grande hit do grupo. Além dessas, o álbum trouxe mais duas versões de músicas originais dos Beatles: "Sou Feliz Dançando com Você" (I'm so Happy Just to Dance With You) - esta foi feita por Lilian Knapp, compositora, cantora e modelo, além de namorada de Renato na época - e "Garota Malvada" (I Call Your Name), feita por Renato.

Além do quarteto de Liverpool, o disco também apresenta versões de músicas de Brenda Lee (Canto Pra Fingir, versão de "My Whole Word is Falling Down"), Johnny Thunders (Loop The Loop) e Edoardo Vianello (Tremedeira, versão de "Tremarella"). É preciso destacar a importância de Rossini Pinto como versionista, que era uma de suas especialidades. E foi em "Viva a Juventude" que ouvimos pela primeira vez "Negro Gato", composição de Getúlio Côrtes baseada em "Three Cool Cats", gravada pelos The Coasters. Em 1966, Roberto Carlos gravaria a música de Getúlio no seu famoso "álbum preto".

Aliás, é necessário ressaltar a relação de Getúlio Côrtes com a banda, da qual foi "roadie" por algum tempo e que dividiu um apartamento com os garotos em um apartamento em Santa Clara, Copacabana. E Getúlio participou como convidado em algumas faixas do LP, embora não tenha sido creditado. O mesmo aconteceu com o tremendão Erasmo Carlos, que participou da banda em 1963 e, por ser artista solo da gravadora RGE, não pode ser creditado na sua "Gatinha Manhosa", parceria com o irmão camarada Roberto Carlos, na qual só ele e Paulo César Barros, o baixista da banda na ocasião e que se tornaria a principal voz da banda no momento.

A formação do grupo, na ocasião, tinha Renato Barros na guitarra solo, Carlinhos na guitarra base, Paulo César no Baixo, Cid Chaves no Saxofone e Toni na bateria. Além de Getúlio e Erasmo, Claudio Caribé, uma dos maiores bateristas que o Brasil teve e participou do compacto-duplo de 1964, também gravou algumas faixas para o álbum, embora também não seja creditado. A produção do álbum é de Evandro Ribeiro, o poderoso chefão da CBS que comandava a gravadora com mãos de ferro.

Partindo pra analisar o disco, se pode dizer o seguinte: É um álbum de Rock, com os vocais em uníssono, repertório pueril, de arranjos feitos na brasa mas gostoso de se ouvir, com letras de fácil comunicação com a massa. As influências de Rock são mais variadas, dando espaço até pra surf music. O disco foi feito ás pressas, em dezembro de 1964. Vale lembrar que Renato e Seus Blue Caps viviam atarefados nos acompanhamentos de artistas do elenco jovem da CBS, como Roberto Carlos, Wanderléa e Rossini Pinto. Contando junto os shows Brasil a fora que fariam a partir daí, os álbuns do grupo seriam feitos sempre na correria. Um ponto ruim, ao meu ver, é a mixagem que abafa alguns instrumentos, principalmente onde o baterista Toni tem o seu som mal captado. As guitarras, por sua vez, tinham o volume muito alto, na maioria das vezes e isso apagava o destaque dos instrumentos restantes e das vozes. Mesmo que a CBS gravasse em 3 canais, o que já era avançado pra época e não tivesse recursos eficientes de amplificação, o som podia sair mais caprichado. E olha que este disco, se comparado aos sucessores, até 1967, é o que apresenta um som mais equilibrado. Mas, mesmo, assim, "Viva a Juventude" é um marco na história inicial do Rock nacional, disso não tenha dúvida.

Curiosidades:

01 - Devido a falta de uma gaita no estúdio de gravação, a base de "Menina Linda" foi gravada com o acréscimo de uma escaleta, tocada pelo próprio Renato Barros.

02 - A faixa "Vera Lucia" foi pega do compacto-duplo de 1964 e inserida no LP. O motivo, provavelmente, foi a reprovação de "O Bode e a Cabra", uma paródia de "I Want to Hold Your Hand", dos Beatles. Essa faixa só viria a ser conhecida anos mais tarde, na coletânea "Pop Hits - Anos 60", do selo Natal Records, do cantor e compositor Leno.

03 - "Viva a Juventude!" foi lançada em CD quatro vezes. Um ponto a lamentar é que, em ambas as edições, as matrizes estereofônicas não estão na íntegra. Assim, as faixas 06, 07, 08, 10 e 11 são mixagens monaurais duplicadas para estéreo.

Álbum: Viva a Juventude!
Artista: Renato & Seus Blue Caps
Produção: Evandro Ribeiro
Gênero: Rock
Estilo: Pop
Gravadora: CBS
Ano: 1965

Faixas:

01 Negro Gato (Getúlio Côrtes)
02 Menina Linda (I Should Have Know Better) (John Lennon; Paul McCartney; Versão; Renato Barros)
03 Tremedeira (Tremarella) (Rossi; Alicata; Vianello; Versão: Neusa de Souza)
04 Querida Gina (Renato Barros)
05 Sou Feliz Dançando com Você (I'm So Happy Just to Dance With You)
06 Gatinha Manhosa (Roberto Carlos; Erasmo Carlos)
07 Canto Pra Fingir (My Whole World in Falling Down) (Jerry Crutchfield; Bill Anderson; Versão: Rossini Pinto)
08 Garota Malvada (I Call Your Name) (John Lennon; Paul McCartney; Versão; Renato Barros)
09 Os Costeletas (Carlinhos)
10 Fruit Cake (B. Tucker)
11 Loop The Loop (Loop di Loop) (Teddy Van; Joe Tong; Versão: Rossini Pinto)
12 Vera Lucia (Renato Barros; Paulo César Barros)

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