Os Incríveis - Para os Jovens que Amam os Beatles, Rolling Stones e... Os Incríveis (RCA, 1965)


O álbum abre com chave de ouro a estréia da banda recém intitulada Os Incríveis - antes, foram The Clevers, de 1962 a 1965 - na gravadora RCA, selo bastante popular mas com um certo refinamento. A banda paulista foi, sem dúvida, a mais talentosa e bem afinada - como os The Jordans, os Youngsters e os Fevers - banda da Jovem Guarda. E "Para os Jovens..." é, sem dúvida, um dos momentos mais efêmeros e decisivos do Rock Brasileiro.

O grupo assinou com a gravadora multinacional após um bem sucedido filme intitulado "Os Incríveis Neste Mundo Louco" e o desligamento da gravadora Continental, na qual iniciaram a carreira. Até aí, os outrora Clevers já possuíam quilômetros rodados de trajetória, na qual acompanharam a italiana Rita Pavone no programa "Reino da Juventude", de Antonio Aguilar, na TV Record, o que também gerou um fictício romance com o baterista Netinho com o objetivo de promover a banda.

O grupo trazia na formação para esse disco os músicos Mingo (guitarra base e vocal), Risonho (guitarra solo), Nenê (baixo e vocal) - substituto de Neno, que deixou a banda em 1965 e em seguida se juntou aos Jordans -, Manito (Saxofone, Teclados e etc) e Netinho (bateria). Os Incríveis era um dos artistas que possuíam o cachê mais alto do shows business tupiniquim devido a alta performance em shows e discos.

Quanto ao álbum, ele felizmente foi gravado em Estéreo, o que era uma novidade (e um luxo) para a época, principalmente no Brasil. O estilo das gravações são fortemente influenciadas pelo som das big bands e de grupos pioneiros como The Shadows e The Ventures, mesmo com o grupo se aproximando mais da cena britânica do Rock'n Roll que tanto influenciava a Jovem Guarda. Agora, quanto ao repertório, até música clássica entra no compasso do Rock nesse disco que é uma obra-prima.

A peça "Czardas" ganhou uma roupagem totalmente Pop e pulsante, perfeita para trilha das boates de dança da época. Há também a aproximação com a corrente mais underground da cena britânica em "You Know What I Want" (da banda Dave Dee, Dozy, Beaky, Mick & Tich), aqui em versão puramente instrumental mas vigorosa. Na mesma onda, temos "Minha Oração" (My Prayer), "Perdi Você" (Missing You), "O Homem do Braço de Ouro" (tema do filme norte-americano de 1955), "Não Há Ilusão" e "O Milionário", a mais famosa do disco e que sempre é de praxe tocá-la nos bailes e festinhas de casa. Aliás, essa música foi regravada para o LP, tendo em vista que o grupo já havia gravado a mesma em 1965, ainda na Continental, em Mono. Há também a regravação a la Wilson Simonal de "Molambo", que também foi destaque do trabalho. E, como a faixa mais emblemática do álbum, ganha "Era Um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones", versão assinada pelo empresário Brancato Junior de uma canção italiana de Gianni Morandi que fala da morte de um jovem que abandonou a sua carreira de músico pra se dedicar a guerra do Vietnã e que no final só teve duas medalhas em seu peito e nada mais. Trágico, não? Pois é, essa música é um dos hinos não só da banda como do Rock mundial.

"Para os Jovens que Amam os Beatles, Rolling Stones e... Os Incríveis" foi produzido por Antonio Ramalho Neto.

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